quarta-feira, 13 de abril de 2016

COMO DAR CABO DA AUTOCONFIANÇA DE UMA MÃE COM UMA LULA.



“Que lindo!” “Gostas mamã?” “Gosto muito!”- tempo médio da conversa, 10 segundos.
Quando os nossos filhos nos mostram os seus desenhos, muitas vezes obras cubistas/surrealistas, pensamos é agora, tenho de lhe dizer que gosto muito para ele ficar feliz e confiante. Surgem nesse momento duas questões pertinentes. Uma, é a cara de estranheza que a mãe ou o pai está a fazer enquanto tenta perceber que raio representa o desenho e pede a todos os santinhos que o miúdo não lhe faça perguntas sobre a sua obra. A outra é uma tentativa de variação de vocabulário para parecer mais natural “Já disse “bonito” da outra vez... lindo, filho tá liiindo!” Ou seja, o nosso filho percebe que não estamos a ser lá muito sinceros. No entanto, estamos perante um momento extremamente importante em que podemos regar a autoestima da criança ou a sua autoconfiança. Mas não é a mesma coisa? Não. A melhor forma de entendermos é retirando o prefixo “auto” e ficamos com Confiança e Estima. A confiança relaciona-se com uma área específica, é uma aptidão ou um talento, algo que se faz bem (confiança a jogar matraquilhos, a cantar em público ou na aula de matemática), estamos no domínio do fazer.
A autoestima saudável permite-me falhar um golo e lidar bem com isso, é uma espécie de sistema imunitário social e enquadra-se no domínio do ser. Se tenho uma autoestima saudável sinto-me bem comigo e sei quem eu sou.
A autoconfiança cresce com os elogios, prémios e notas boas.
A autoestima cresce quando estou rodeado de pessoas que se preocupam e valorizam o que sinto e penso e que reconhecem as minhas necessidades. Olham para mim, reconhecem-me e respeitam-me como o ser humano único que sou.

Voltando ao nosso desenho, percebemos agora que o “está lindo!” apenas foca na autoconfiança. Será que a criança faz o desenho à espera da nossa validação ou porque lhe apetece mesmo fazer um desenho? Valorizando o processo da criança e mostrando curiosidade pelo que ela fez e como o fez, aumentamos a sua autoestima. “Uauu, Tantas cores! Gostas mesmo de azul! E isto são peixes? Que peixe é este?” “Oh Mãe! Não é um peixe, não tem barbatanas, tontinha. É uma lula vampira como nos octonautas!” tempo médio da conversa, 30 minutos.

A minha autoestima também ficou regada mas a minha autoconfiança em relação a animais marinhos foi pelo cano.

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