“Que lindo!” “Gostas mamã?” “Gosto muito!”- tempo médio
da conversa, 10 segundos.
Quando os nossos filhos nos mostram os seus desenhos,
muitas vezes obras cubistas/surrealistas, pensamos é agora, tenho de lhe dizer
que gosto muito para ele ficar feliz e confiante. Surgem nesse momento duas
questões pertinentes. Uma, é a cara de estranheza que a mãe ou o pai está a
fazer enquanto tenta perceber que raio representa o desenho e pede a todos os
santinhos que o miúdo não lhe faça perguntas sobre a sua obra. A outra é uma
tentativa de variação de vocabulário para parecer mais natural “Já disse
“bonito” da outra vez... lindo, filho tá liiindo!” Ou seja, o nosso filho
percebe que não estamos a ser lá muito sinceros. No entanto, estamos perante um momento extremamente
importante em que podemos regar a autoestima da criança ou a sua autoconfiança.
Mas não é a mesma coisa? Não. A melhor forma de entendermos é retirando o
prefixo “auto” e ficamos com Confiança e Estima. A confiança relaciona-se com
uma área específica, é uma aptidão ou um talento, algo que se faz bem
(confiança a jogar matraquilhos, a cantar em público ou na aula de matemática),
estamos no domínio do fazer.
A autoestima saudável permite-me falhar um golo e lidar
bem com isso, é uma espécie de sistema imunitário social e enquadra-se no
domínio do ser. Se tenho uma autoestima saudável sinto-me bem comigo e sei quem
eu sou.
A autoconfiança cresce com os elogios, prémios e notas
boas.
A autoestima cresce quando estou rodeado de pessoas que
se preocupam e valorizam o que sinto e penso e que reconhecem as minhas
necessidades. Olham para mim, reconhecem-me e respeitam-me como o ser humano
único que sou.
Voltando ao nosso desenho, percebemos agora que o “está
lindo!” apenas foca na autoconfiança. Será que a criança faz o desenho à espera
da nossa validação ou porque lhe apetece mesmo fazer um desenho? Valorizando o
processo da criança e mostrando curiosidade pelo que ela fez e como o fez,
aumentamos a sua autoestima. “Uauu, Tantas cores! Gostas mesmo de azul! E isto
são peixes? Que peixe é este?” “Oh Mãe! Não é um peixe, não tem barbatanas,
tontinha. É uma lula vampira como nos octonautas!” tempo médio da conversa, 30
minutos.
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